segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Na espera...

 

Nublado chove ou não?

Nem tudo é perfeito

Ressoa na alma tipo canção

Aceleradamente bate no peito

A falta de ar comprime o pulmão

Somos humanos e temos defeito

Taquicardia na ausência da solidão

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Embalo da madrugada

Despertei essa madruga com meu pau latejando, um calor me consumia, me revirava entre os lençóis, o coração palpitava, estava tão quente que eu  me sentia grudento de suor, e desejante. Busquei em vão entre os lençóis e obvio você não estava e como eu queria que estivesse! Fechei meus olhos atrás de memorias momentos memoráveis que embalam minhas buscas solitárias de prazer...

Ainda de olhos fechados enquanto selecionava entre as memórias aquela que aqueceria meu espírito no momento de volúpia, meu pau pulsante, com suas veias marcadas, queria rasgar o tecido já entumecido da cueca, percorri minha mão pelo meu peito, acariciando meu tórax enquanto em minha mente vinha flash de suas mãos deslizando pela minha nuca, agarrando meu pescoço, puxando meu corpo junto ao seu, segurando meu pau por cima da roupa, enquanto sussurra em meus ouvidos que me quer dentro de você.

Confesso que este pensamento me deixa ainda mais doido, querendo sua pessoa... Minha boca saliva de desejo neste momento, a impotência de não poder consumar a dança carnal, dos nossos corpos entrelaçados, lutando pelo protagonismo orgástico de ver o outro extasiado envolto em suor se converte no motor do ato solitário de auto satisfazer-se.

Seguro minha rola pulsante, e na escuridão do quarto e no silencio que me cerca somente eu e meus desejos, e como eu te queria... De pernas abertas semi flexionadas, enquanto entre elas, beijava suavemente suas coxas, alternando com pequenas mordiscadas em sua virilha, dando um beijo molhando em sua buceta, explorando sua pelve  com minha língua, em movimentos, suaves, fortes com pressão, fazendo círculos e sugando seu clitóris, sentindo a pressão das suas pernas me comprimindo ao ser tomada de prazer, no mesmo ritmo que lhe masturbo e lhe chupo em minha mente, me auto estimulo, querendo você te possuir...

No vai e vem intenso me bate uma vontade de lhe beijar, acariciar, coloca-la de quatro, segurar firmemente sua cintura, sentir meu pau entrar bem fundo, numa cadencia que lhe faz gemer segurar, agarrar o lençol enquanto morde os lábios, me chamando mentalmente de seu putão, sendo minha puta e rebolando gostoso na minha rola, aff!!!

Gozo, te querendo ainda mais, ajeito na cama, arrumo os travesseiros e fecho os olhos e penso quando iremos viver intensamente novamente!


sexta-feira, 26 de março de 2010

A Violeira

Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia, a minha sina
Era no Rio vir morar
Em Araripe
Topei como chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro Serviço Militar

Esse maluco
Me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante
Me levou pra Macapá

Uma cigana revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará

Voltei pro Crato
E fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mó de economizar
Eu era um broto
E também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar

Juntei a prole e me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa-má
Inda arrumei com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar

Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Quero ver que é que tira
Nós aqui desse lugar

Será verdade
Que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com tralha inteira
Remontar a Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar

Me distrair
Nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos
Em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá

Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver que é que arranca
Nós aqui desse lugar

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fotografia 3x4

Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
Jovem que desce do norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar legua tirana...nana
E lágrima nos olhos de ler o Pessoa
e ver o verde da cana..nana iiiiiii
Em cada esquina que eu passava
um guarda me parava, pedia os meus documentos e depois
sorria, examinando o três-por-quatro da fotografia
e estranhando o nome do lugar de onde eu vinha.
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
São Paulo violento, Corre o rio que me engana..nana iiiii
Copacabana, zona norte
e os cabarés da Lapa onde eu morei
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar,
mas a mulher, a mulher que eu amei
não pode me seguir ohh não
esses casos de familia e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso o sol não é tão bonito pra quem vem
do norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
e pela dor eu descobri o poder da alegria
e a certeza de que tenho coisas novas
coisas novas pra dizer
a minha história é ... talvez
é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte
que no sul viveu na rua
e que andou desnorteado, como é comum no seu tempo
e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
e que ficou apaixonado e violento como, como você
Eu sou como você. Eu sou como você. Eu sou como você
que me ouve agora. Eu sou como você. Como Você.

Belchior

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mano na porta do bar

Você viu aquele mano na porta do bar
Jogando um bilhar descontraído e pá
Cercado de uma pá de camaradas
Da área uma das pessoas mais consideradas
Ele não deixa brecha, não fode ninguém
Adianta vários lados sem olhar quem
Tem poucos bens, mais que nada
Um fusca 73 e uma mina apaixonada
Ele é feliz e tem o que sempre quis
Uma vida humilde porém sossegada
Um bom filho, um bom irmão
Um cidadão comum com um pouco de ambição
Tem seus defeitos, mas sabe relacionar
Você viu aquele mano na porta do bar
(aquele mano)
Você viu aquele mano na porta do bar
Ultimamente andei ouvindo ele reclamar
Da sua falta de dinheiro era problema
Que a sua vida pacata já não vale a pena
Queria ter um carro confortável
Queria ser um cara mais notado
Tudo bem até aí nada posso dizer
Um cara de destaque também quero ser
Ele disse que a amizade é pouca
Disse mais, que seu amigo é dinheiro no bolso
Particularmente para mim não tem problema nenhum
Por mim cada um, cada um
A lei da selva consumir é necessário
Compre mais, compre mais
Supere o seu adversário,
O seu status depende da tragédia de alguém
É isso, capitalismo selvagem
Ele quer ter mais dinheiro, o quanto puder
Qual que é desse mano ?
Sei lá qual que é
Sou Mano Brown, a testemunha ocular
Você viu aquele mano na porta do bar
(Aquele mano)
- " Quem é aqueles mano que tava andando com você ontem a noite ? "
- " É uns mano diferente aí que tá rolando de outra quebrada aí, mas é
o seguinte, eu tô agarrando os mano de qualquer jeito, certo ? "
- " Nós somo aqui da área mano !? "
- " Não tem nada a ver com você !!! "
- " Já era meu irmão ! já era !!! "
- " Qual que é ? Num tô te entendendo, explica isso aí direito... "
- " Movimento é dinheiro meu irmão... "
- " Você nunca me deu nada !!! "
Você viu aquele mano na porta do bar
Ele mudou demais de uns tempos para cá
Cercado de uma pá de tipo estranho
Que promete pra ele o mundo dos sonhos
Ele está diferente não é mais como antes
Agora anda armado a todo instante
Não precisa mais dos aliados
Negociantes influentes estão ao seu lado
Sua mina apaixonada, amiga e solitária
Perdeu a posição agora ele tem várias...
Várias mulheres, vários clientes, vários artigos,
Vários dólares e vários inimigos
No mercado da droga o mais falado, o mais foda
Em menos de um ano subiu de cotação
Ascenção meteórica, contagem numérica
Farinha impura, o ponto que mais fatura
Um traficante de estilo, bem peculiar
Você viu aquele mano na porta do bar
(Aquele mano)
Ele matou um feinho a sangue frio
As sete horas da noite,
Uma pá de gente viu e ouviu, a distância
Dia de cobrança, a casa estava cheia
Mãe, mulher e criança
Quando gritaram o seu nome no portão
Não tinha grana pra pagar perdão é coisa rara
Tomou dois tiros no meio da cara
A lei da selva é assim: Predatória
Click, cleck, BUM, preserve a sua glória
Transformação radical, estilo de vida
Ontem sossegado e tal
Hoje um homicída
Ele diz que se garante e não tá nem aí
Usou e viciou a molecada daqui
Eles estão na dependência doentia
Não dormem a noite, roubam a noite
Pra cheirar de dia
O total dominio dos negócios, muita perícia
Ele da baixa, ele ameaça, truta da polícia
Não tem pra ninguém
No momento é o que há
(E ai mano, vai apetece daquilo no no bar)
Você viu aquele mano na porta do bar
(Aquele mano)
(Pilantra e tal... Pode acreditar...)
" - E aí mano, e aquela fita de ontem a noite ? "
" - Foi um mano e tal que me devia, mó pilantra safado, queria me dá
perdido... - Negócio é negócio, deve pra mim é a mesma coisa que
dever pro capeta, dei dois tiro na cara dele, já era... virou os olhos. "
" - Mas e agora, como é que fica !? "
" - Ih...Sai fora !!! Sai, Sai !!!
Você tá vendo o movimento na porta do bar
Tem muita gente indo pra lá, o que será ?
Daqui apenas posso ver uma fita amarela
Luzes vermelhas e azuis piscando em volta dela
Informações desencontradas gente indo e vindo
Não tô entendedo nada, vários rostos sorrindo
Ouço um moleque dizer, mais um cuzão da lista
Dois fulanos numa moto, única pista
Eu vejo manchas no chão, eu vejo um homem ali
É natural pra mim infelizmente
A lei da selva é traiçoeira, surpresa
Hoje você é o predador, amanhã é a presa
Já posso imaginar, vou confirmar
Me aproximei da multidão, obtive a resposta
Você viu aquele mano na porta do bar
Ontem a casa caiu com uma rajada nas costas...
(Pilantra e tal... huhohohoa..)

Racionais MCs

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quando os trabalhadores perderem a paciência

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Dandy

Mamãe quando eu crescer
eu quero ser artista
sucesso, grana e fama são o meu tesão
Entre os bárbaros da feira
Ser um réles conformista
nenhum supermercado satisfaz meu coração

Mamãe quando eu crescer
eu quero ser rebelde
se conseguir licença
do meu broto e do patrão
Um Gandhi Dandy, um grande
milionário socialista
de carrão chegou mais rápido à revolução

Ahhhh! Quanto rock dando toque tanto Blues
e eu de óculos escuros vendo a vida e mundo azul

Mamãe quando eu crescer
eu quero ser adolescente
No planeta juventude
haverá vida inteligente?
Plantar livro, escrever árvores,
criar um filho feliz,
Um porquinho pra fazer de novo tudo o que eu já fiz

Ahhhh! Quanto rock dando toque tanto Blues
e eu de óculos escuros vendo a vida e mundo azul

Belchior